sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ralação e a escola da vida

Tudo que tive de aprender na vida foi sozinha. Vim de uma família humilde e graças a Deus tive o apoio de minha vó para estudar. Ela sempre acreditou em mim e me mantinha na escola com a sua aposentadoria e com a venda de picolés. Depois meu padastro ajudou, comprava meus livros, porque eu estudava numa escola pública em Olinda.

Nunca consegui nada fácil, passava as tardes na biblioteca, pois sempre gostei de estudar. Quando vim para o Espírito Santo, em 1976, fiz cursinho e prestei exame de vestibular para o curso de Letras, com especialização em Inglês. Sempre fui muito atirada, aprendi inglês com os colegas em Pernambuco, em aulas pela televisão, pelas apostilas dos colegas e depois estudei por um período no Fisk.

Mas não me especializei nisso não. Quando estudava na Ufes o meu professor de português, José Arthur Bogéa, gostou da minha redação e me levou para fazer um estágio na Gazeta, em 1978. Fui para o Segundo Caderno escrever resenhas literárias, e Erildo me dava matérias para eu fazer. Amylton de Almeida me ajudou, me dava orientação sobre leituras, filmes e me disse uma coisa que nunca esqueci: escrever bem é escrever de forma simples.

Minha escola foi bastante prática, me arrebentava toda para ler, entrevistar as pessoas, escrever e sofrer com os meus eventuais erros (muitos dos quais chegaram até a ser publicados). Mas, bola pra frente, a gente aprende com eles. Como sempre tive pé no chão, nunca achei que sabia alguma coisa, e até hoje creio que tenho muito para aprender.

O caso Argolas foi para mim uma lição. Não se consegue mudar uma sociedade corrupta com uma reportagem, por mais bem intencionada que ela seja. É certo que ajuda a evidenciar as mazelas sociais. Confesso que aquela matéria, que na época ocupou oito páginas do jornal A Gazeta, junto com Amylton de Almeida e Glecy Coutinho, gerou muita repercussão até em revistas como a Times, que publicou uma coluna sobre o assunto.

Recém chegada de Pernambuco não tinha as costas quentes, fiquei muito exposta com o fato, que me gerou alguns dissabores, afinal eu tinha na época 20 anos. Mas lembro de uma frase dita por um jornalista da época, dizendo que aquilo era apenas a ponta do "iceberg". É bem verdade, a realidade era e ainda é muito pior.

Tanto que o uso de crianças para a prática de delitos e os abusos cometidos contra elas são bem piores. Evoluiu para o tráfico, para a prostituição infantil, para a pedofilia e para a bandidagem mesmo. Hoje um garoto de 12 anos com uma arma na mão é destemido e ousado.

Foi um divisor de águas na minha vida. Deixei a vida de estudante para ser uma sobrevivente. As movimentações de bastidores buscavam desqualificar a reportagem para nos incriminar e desacreditar. Quem tinha amigos políticos, buscava apoio neles, mas eu era o lado mais fraco da corda e fui demitida.

Fui para a Tribuna e as denúncias se transformaram num IPM, mas eu nessa época estava muito abalada, e tive muito apoio dos meus colegas da redação, os quais já citei anteriormente. Na Tribuna foi outra fase da minha vida, passei por várias editorias, sempre com um pé no Segundo Caderno, e depois fui para a TVE.

Quando cheguei lá não sabia nem pegar direito no microfone. Margo Dalla e baianinho foram os meus professores. Alda Cátia me dava umas dicas. E estava eu metida lá dentro. Era uma alegria ir para a rua com os colegas, fazia reportagens, chegava e como naquela época na TVE era tu e tu mesmo, tinha que ir para a ilha editar, escrever roteiro, buscar imagens de arquivo, gravar chamada, e Cleto Moratori inventou uma cobertura das sessões plenárias da Assembléia Legislativa, que ficava no mesmo prédio na Cidade Alta.

Era só descer um cabo, naquela época não existia unidade de externa. Só Deus para socorrer, porque cobríamos as convenções, as votações e sessões plenárias com link ao vivo.  Eles esqueciam de mim, me deixavam no ar para preencher a lacuna da programação.Mas aprendi muita coisa, sempre apanhando. Mas era muito bom.

Ah! veio a era do computador. Sou do tempo das pretinhas e o primeiro computador que tive eu não sabia nem clicar no mouse, parecia que ia me morder. Era uma máquina do outro mundo, inventada por algum alienígena. O mesmo método que usei para o inglês me serviu, apostilhas, perguntas, e uma coisa fundamental que aprendi, porque tudo na vida é fuçar, fuçar e fuçar!

Quando fui trabalhar na Prefeitura de Vila Velha, já em 2001, outro dilema: eu não conhecia um tal de html, era coisa dos novos. Lá todo mundo aprendeu a editar, mas eu não podia, não tinha a senha para entrar no sistema, e me limitava a cobrir a Secretaria de Trânsito. Depois fui pro arquivo do casarão dos Maxs, e ali aprendi como funcionam os bastidores da política.

Agora estou diante de algo inusitado. Escrever um blog para falar de experiências pessoais e manter os dedos azeitados na lingua natal. Telecentro é a invenção do século, pos sem o Núcleo de Cidadania Digital da Ufes, teria desaparecido do mapa. Uma pessoa sem informações não existe no mercado de trabalho, e sem um trabalho, já dizia Gonzaguinha, "um homem não tem honra".

Para poder me expressar começei a escrever poesias e crônicas, já que muito pouca gente me dava confiança, muitos até debochavam de mim (afinal o mercado de trabalho está dominando por garotas e seu marketing pessoal afinado) pois eu já dobrei o Cabo da Boa Esperança e estou enquadrada na categoria dos "jurássicos".

Está sendo interessante, porque a experiência com edição de jornal impresso, ajuda na formatação do blog. A estética, felizmente, é uma linguagem universal e estou tentando me adaptar às novas ferramentas. Estou curtindo pois aprender algo novo é bom, e esse particular já me rendeu algumas humilhações. Aceito sugestões e críticas que me ajudem a aperfeiçoar o meu desempenho.

Nesse particular, Deus tem sido misericordioso comigo. Não conto muito com a ajuda de terceiros. As pessoas acham que pelo fato de eu ter trabalhando em alguns lugares e ter esse período em que estou no meio jornalístico, há cerca de 32 anos, eu não não preciso de ajuda e apoio. Na verdade, qualquer ser humano precisa disso.

Não vivemos a nossa vida para ser alvo de críticas sistemáticas. Precisamos de espaço para respirar, afinal o sol brilha para todos, para os que são amigos e os que não são.



Uma das coisas mais maravilhosas que eu li na Bíblia é que Deus nos trata como amigo. Veja em João 15: 13 a 16:
13 - Ningém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
14 - Vos seres meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 
15 - Já não vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meus Pai vos tenho feito conhecer.
16 - Não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça: a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.


Receba a luz de Deus !!!

5 comentários:

  1. Olá Lígia! Tudo bem? Meu nome é Mariana Anselmo e sou estudante de jornalismo da Ufes. Estava te procurando há um tempo, exatamente pela matéria do Caso Argolas, que vc cita nesse texto. Gostária muito de conversar com você, pode ser? Favor enviar-me um e-mail no endereço: maryanabarbosa@hotmail.com

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  2. ola Lirgia eu sou Fátima sua prima me emocionei muito ao ler teu testemunho de vida e sou testemunha de algumas coisas que soube por vovô e mainha de tua luta mas vi tambem que voce estudou bastante e pra mim você é um exemplo de mulher de Deus nos servimos a um Deus que é maravilhoso!!! estamos com muita saudades de você.nos amamos você!!! eu chorei muito ao lêr teu testemunho.todos aqui em casa mainha te manda um abraço.ela sente tu afalta.meu f:86252351.ou vjfoliver@hotmail.com (orkut)deixo para tua meditação salmo 126. é o salmo da nossa familia. um Grande abraço!!! Fatima.

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  3. gostaria de mandar meu endereço.meu nome é maria de fatima lira filha de almir ferreia e maria da conceiçao lira.filha de margarida dias de lira.end.val_fatimaa@hotmail.com

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  4. lirgia por favor entra em contato com migo!!!Fatima lira filha de conçeiçao sua tia.

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  5. lirgia se voçe estiver lendo este comentario por favor entre em contato comigo por imail vou te mandar denovo. val_fatimaa@hotmail.com eu sou filha de conçeição sua tia de Olinda.

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