segunda-feira, 7 de junho de 2010
A trajetória de um vencedor!!!
O videoclip mostra o talento e a interpretação de Moysés.
Repare na direção de imagens, nos recursos cinematográficos, nas caminhadas com a câmera (herança de Glauber Rocha), nas fusões, nas edições em frames, e sobretudo na condução do roteiro desempenhado pelo músico, ou seria melhor o ator?
O roteiro começa com imagens em high motion, que atravessam uma passarela subterrânea até encontrar o ator/músico. Tomadas em big close apresentam um rosto sujo de alguém que está cansado de viver no submundo ou underground: "Eu me sinto tão só e abandonado, quando eu vejo alguém sorrindo".
Esse rosto na multidão busca uma saída. De sua letargia, levanta para caminhar em direção ao fim do túnel, que é representado pela sua caminhada na passarela. Tomadas em contre-plongée e em big close realçam a sua mensagem. É preciso reagir, mesmo que nessa caminhada os percalços apareçam.
Eles são caracterizados pelos passos em meio a multidão. Andar em direção contrária, sofrer os esbarrões, cair e se levantar buscando uma saída. Interessante observar como a melodia foi valorizada pelo roteiro do videoclipe, com movimentos giratórios de câmeras, fusões, high motion e edição em frames servem para evidenciar a busca interior.
Depois da queda, a vida no fundo do poço, no undergraund, representada pela cena em que o músico/ator canta ao lado de um bueiro fumegante. Atordoado o músico/ator cai em si,passam pela sua mente um turbilhão de pensamentos, que são caracterizados pelos movimentos zoom in e zoom out. Aqui a letra fala de entrega: Eu não quero mais chorar/meu coração vou te entregar/pois eu te escolhi/pois em ti eu confiarei.
Toda a dramaticidade impingida à cena serve como argumento para reforçar a mensagem. O contraste entre o rosto amargurado, as roupas pretas, a visão do submundo, cede a imagens em flashes de um rosto transformado pela luz, com a expressão lívida de quem se sente amparado pela mão de Deus.
A sequencia de imagens revela a transição da sombra para a luz. Como alguém que emerge do subterrâneo para a luz. Nessa trajetória enfrenta as tempestades sofrendo os percalços da vida, provocado por aqueles que perderam o sentimento de fraternidade e amor. Pessoas que quase o levam a nocaute.
De grande intensidade, a cena lembra a sequencia da queda do Encouraçado Potemkin, de Sergei Eisenstein, quando a criança desce escada abaixo em queda livre. A sequencia da queda é registrada do ponto de vista de quem cai, ou seja de dentro do carrinho. As imagens editadas aleatoriamente mostram a confusão mental gerada pela queda.
No videoclipe o músico/ator cai, sendo atropelado pelas pessoas entorpecidas pelo desamor e pelo egoísmo. Tudo registrado em movimentos de câmera rotativos, fusões e frames que dão a dimensão do que se passa na mente atordoada do personagem. O ângulo de visão aqui, de quem é quase esmagado pela metrópole, é o mesmo de um esquisofrênico que sente como se o mundo, os prédios e as pessoas desabassem do alto sobre ele.
É a interpretação psicológica da dor e da solidão. Ali, caído, como se fosse um grão de areia, o músico/ator vislumbra a saída. Do poço fumegante surge a visão da luz, representada pela aparição já de uma pessoa recomposta, rosto iluminado e olhos brilhantes.
Os recursos de flash back pontuam bem os momentos em que o músico/ator se volta para o seu interior. É olhando para dentro de si que ele encontra as respostas, rompe com suas vestes rotas, negras, para apresentar uma nova imagem do seu ser restaurado. O video clipe finaliza registrando esta transformação. É a trajetória de um vencedor!!!
O vídeo, gravado pelo premiado João Elias Júnior,possui alto grau de edição e muita criatividade. Um perfeito casamento entre imagens e textos, entre a idéia e o seu significado.
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